O carvão verde ajuda os mangais

BR-EN-green-coalO carvão verde em saco pronto a ser encaminhado para a cidade. © M Andriatiana

Agora que Madagáscar perdeu quase 21% dos seus mangais (57 000 hectares) entre 1990 e 2010, a utilização de carvão verde é uma das soluções para evitar a sua total destruição.

O carvão de madeira é a principal fonte de energia nos países do Sul e Madagáscar não é exceção. Para cozinhar, para o
aquecimento e mesmo para fazer funcionar os ferros de passar roupa, a população do país consome per capita, em média, entre 50 e 100 quilos de carvão de madeira por ano. Uma situação que causa significativos prejuízos às florestas. Cerca de 150 000 hectares de floresta são destruídos todos os anos para produzircarvão,bemcomoumaboapartedos mangais do país, que cobrem uma superfície com 325 000 hectares.

Para diminuir a pressão exercida por esta prática sobre os recursos florestais, Chan Huchoc, um empreendedor do país, introduziu em Madagáscar o carvão verde. Materiais orgânicos, como o composto, ramagem e folhas, são queimados num forno especialmente desenhado para produzir carvão verde. A utilização desta invenção propagou-se de forma significativa no norte de Madagáscar.

Na ilha de Nosy Be, situada no Canal de Moçambique, a utilização de carvão verde é especialmente encorajada. Produzido a partir de eucalipto carbonizado, diversas organizações, como o Agrupamento Interprofissionalda Hotelaria e Turismo de Nosy (GIHTNB), encorajam a utilização deste material entre as comunidades locais. Um vasto programa de plantação de eucaliptos foi, entretanto, posto em prática com o apoio da Agência de Cooperação Alemã (GIZ), na região de Diana, no norte da Ilha.

A disponibilidade de carvão verde resolveu uma grande parte dos problemas das populações locais no acesso à energia, tanto no que respeita aos preços como à sua qualidade. Com o saco de 10 quilos a custar 2 € e sem flutuações, tendo em conta que o carvão tradicional, feito a partir do mangal, aumenta todos os anos com a chegada da estação das chuvas, podendo chegar aos 2,5 €, o carvão verde apresenta significativas vantagens. O GIHTNB está a analisar a criação de uma rede de distribuição permanente, que facilitará o seu armazenamento na ilha.
O carvão verde revelou-se uma boa solução para evitar maiores danos no mangal do país. Mas o Governo também está a atuar e criou uma comissão nacional para a gestão integrada dos mangais, com o objetivo de encontrar fórmulas que permitam garantir o seu futuro bem como o dos recursos piscatórios.

Mamy Andriatiana 



 
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