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As tecnologias da informação e da comunicação (TIC) podem transformar as atividades agrícolas em muitas regiões do mundo. Em alguns países as TIC estão a ajudar os agricultores a aumentarem as suas produções e os seus rendimentos, mas ainda há muito por fazer. Benjamin Addom, coordenador de programas do CTA na área das TIC para o desenvolvimento, fala-nos da importância das TIC para melhorar as condições de vida no meio rural graças ao melhor acesso à informação.

O que é que as ICT4Ag representam para o CTA?
No CTA, as TIC para a agricultura são encaradas como instrumentos úteis que devem ser explorados, atendendo à sua função, em todos os setores. O CTA usa as TIC para executar a sua missão de promover a segurança alimentar e nutricional nos países ACP. As TIC são utilizadas para defender soluções práticas, económicas e expansíveis com impacto na vida das pessoas. Mantemos os nossos participantes atualizados sobre as inovações que vão aparecendo em termos de TIC, apoiamo-los para identificarem soluções viáveis de TIC para a agricultura, reforçamos as suas capacidades na utilização dessas soluções e oferecemos plataformas de deliberação com os responsáveis políticos. A estratégia do CTA em matéria de TIC para a agricultura é global, orientada para o futuro e inclui todos os grupos de participantes, tanto na conceção como na utilização. O CTA está consciente de que a utilização das TIC na agricultura não é nova, mas estamos convencidos que o recente aumento da sua popularidade veio para ficar. As TIC têm um elevado potencial para transformar a agricultura.

Em que medida é que as atividades de desenvolvimento de capacidades em matéria de TIC para a agricultura têm um papel fundamental no aumento do acesso à informação para o desenvolvimento agrícola e rural nos países ACP?
A questão está em saber para que serve o desenvolvimento de capacidades em TIC. Realçamos que se trata de desenvolvimento de capacidades em TIC para o desenvolvimento agrícola e rural: as TIC são o «meio» e não o «fim». Consideramos igualmente que o desenvolvimento de capacidades vai para além da formação para a oferta de recursos relevantes. O desenvolvimento de capacidades em TIC para a agricultura tem três níveis de intervenientes: institucionais, de base e individuais. Institucionalmente, a ênfase é colocada no modo como os parceiros usam as TIC para melhorar a produção colaborativa e a partilha de conteúdos, sendo disso exemplo o Web 2.0 e as oportunidades de formação nos media sociais. A nível das bases, pretendemos capacitar as comunidades através de aplicações impulsionadas pela procura, intuitivas e integradas, como o Participatory Geographic Information System. A nível individual queremos desenvolver a capacidade do utilizador para adotar e usar estas aplicações para a agricultura, por exemplo as Apps4Ag learning opportunities.

Quais seriam as três principais recomendações que faria aos responsáveis políticos para criar um ambiente favorável à adoção das TIC para a agricultura?
1) Necessidade de apoio político: precisamos de mais políticos de alto nível ativamente implicados nos países ACP. Refiro-me neste caso a defensores e embaixadores digitais dedicados àqueles que na base possam beneficiar desta revolução nas TIC para a agricultura. Sem apoio político arriscamo-nos a perder o ímpeto atual.
2) Apoiar o desenvolvimento e a promoção de uma estratégia sólida de ciberagricultura: de momento, o domínio das TIC para a agricultura a nível nacional está à mercê dos operadores de serviços de valor acrescentado e de redes
móveis. Não existe uma divulgação sistemática da informação com recurso às TIC. É preciso que os nossos responsáveis políticos intervenham e apoiem as estratégias do setor para uma melhor prestação de serviços.
3) Assegurar um ambiente facilitador do investimento do setor privado nas TIC: foram instalados centenas de milhares de cabos de fibra ótica. Está na altura de os Governos nacionais criarem políticas e estratégias apropriadas para a distribuição estratégica dos cabos. Sem isto, os cabos operarão numa rota lucrativa, prejudicial aos participantes agrícolas nas zonas rurais.

Acha que os pequenos agricultores e os pescadores dos países ACP estão de facto a beneficiar com a revolução digital?
Essa questão é um desafio. A minha resposta é sim e não. Sim, porque temos provas do impacto das TIC nos utilizadores. Não, porque, literalmente, podemos nomear essas histórias de sucesso. A maior parte dos utilizadores visados ainda não aderiu à revolução. Vemos e lemos casos episódicos de impacto aqui e ali, mas também estamos conscientes de que a aceitação por milhões de interessados ainda é muito reduzida. A nossa experiência diz-nos que a questão ultrapassa o simples acesso à tecnologia, tendo mais a ver com a utilização inovadora destas tecnologias. As TIC são mais do que simples aplicações móveis; envolvem a convergência de vários canais. O CTA lançou recentemente a iniciativa Building Viable Delivery Models for ICT4Ag, [Construção de Modelos de Entrega Viáveis de ICT4Ag], no âmbito da qual estão a ser explorados projetos de «validação de conceito» que servem para demonstrar como as TIC podem capacitar economicamente os pequenos agricultores através de modelos viáveis. Pensamos que, através da colaboração e de parcerias, milhões de pequenos agricultores em todo o mundo em desenvolvimento podem beneficiar do potencial das novas TIC para o desenvolvimento agrícola.



 
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