Ovos: uma excelente oportunidade

VC-Demand-high-quality-eggs.jpgUm vendedor de ovos num mercado moçambicano © PBS NewsHour/T. Miller

Com muitos minerais e vitaminas essenciais necessários a um regime alimentar saudável, os ovos são uma fonte disponível e acessível de proteínas de elevada qualidade. A produção crescente de ovos de qualidade para os mercados locais está a incentivar esforços integrados para fornecer alimentação aviária e frangos destinados à postura.

São produzidos todos os anos no mundo cerca de 65 milhões de toneladas de ovos, 65% dos quais provêm de médios e grandes produtores comerciais, segundo o Worldwatch Institute. Sistemas de quintais são também empresas agrícolas valiosas com pouco risco para os pequenos produtores agrícolas. Quem tem poucos recursos pode manter poucas galinhas, alimentadas em grande parte com a sua própria forragem, para produzirem ovos e carne para o agregado familiar. Todavia, muitos países em desenvolvimento estão a trabalhar na expansão do seu setor comercial de aves de capoeira e desenvolvem sistemas de custo eficaz, que podem competir com os ovos a baixo custo importados de nações desenvolvidas (por exemplo, da UE para África e dos Estados Unidos para as Caraíbas).

Há exemplos de sucesso no desenvolvimento do setor aviário em todas as regiões dos países ACP. No norte do Ruanda, onde as taxas de malnutrição crónica são elevadas (mais de 40%), foram criadas explorações avícolas para produzir ovos suficientes para todas as crianças com menos de cinco anos poderem comer um ovo cozido todos os dias. De mesmo modo, ao fornecerem um rendimento às pessoas empregadas nas explorações avícolas, os ovos transformam a saúde das crianças em idade pré-escolar, que assim comem alguns, se houver produção. Nas Caraíbas, a produção avícola é vital para a segurança alimentar na região. Nos últimos anos, tem-se fomentado o crescimento do setor, embora, apesar disso, se continue a importar grandes quantidades de carne de frango, ovos e produtos derivados do ovo.

Bater a concorrência

Em produção de ovos, a Jamaica é o maior fornecedor da região CARICOM, fornecendo mais de 80% da produção regional total. Com um pouco mais de 2 000 pequenas explorações e 100 grandes instalações, a indústria produziu mais de 130 milhões de ovos em 2014; a importação de ovos só é hoje necessária se a produção local for prejudicada na época dos furacões. O Presidente da Associação de Produtores de Ovos da Jamaica, Roy Baker, atribui este sucesso à reestruturação da indústria, que incluiu a modernização dos seus sistemas de produção, a conformidade com as normas e a construção de uma fábrica de ovos líquidos. Criada em 2007, esta fábrica foi construída para responder à procura dos setores hoteleiro e da alimentação comercial, que antes preferiam importar produtos. Todavia, os custos de produção de ovos de mesa continua a ser um desafio para muitos produtores devido ao custo da alimentação, que é praticamente toda importada.

No norte de Moçambique, para poder competir com ovos de fraca qualidade importados dos países vizinhos, a Mozambique Fresh Eggs (MFE) utiliza um modelo singular através do qual as pequenas explorações avícolas utilizam entre 500 a 1 000 galinhas poedeiras especiais, fornecidas por um centro de incubação local. A terra ao redor do centro de incubação é utilizada para plantar soja e milho, que servirá para alimentar as galinhas, e é fertilizada com estrume de galinha. Os ovos são colhidos nas explorações e transportados para o mercado pela empresa filial. A MFE está atualmente a trabalhar na expansão do seu modelo com um objetivo de produzir localmente a maioria dos ovos consumidos na região.

No Pacífico, Tonga é amplamente autossuficiente em ovos, embora a produção seja sazonal e dependa da temperatura. Em períodos de pouca produção, os ovos são importados da Nova Zelândia. O mercado nacional é dominado pelo maior produtor comercial de ovos e frangos de Tonga, que contribui com cerca de 80% da produção, vendendo a supermercados e a retalhistas mais pequenos. A empresa importa correntemente da Nova Zelândia pintos do dia e alimentação, sendo alguns revendidos a outras explorações avícolas e a pequenos agricultores. Embora a empresa esteja interessada no desenvolvimento de uma cadeia de valor mais integrada e na criação de um centro de incubação de frangos, reconhece, no entanto, que isto implicará custos e desafios consideráveis, não sendo o menor a possibilidade de metade dos pintos serem machos.

Susanna Thorp

Ver também a Esporo 124: Integrar criação e alimentação avícolas.



 
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